Existem pessoas que passam a vida tentado viver, mas não
conseguem, pois ficam amarradas em seus medos e receios, com laços criados por elas mesmas.
Usam as vezes um desafogo, algumas encontram isso em baladas, outras em bebidas ou drogas, outra se isolam procurando viver dentro de sí mesmas com medo de sair e enfrentar seus medos.
O medo por um lado é uma coisa boa, muitas vezes nos livram
de problemas ou de armadilhas, por outro lado, quando deixamos que nossos medos
controlem nossa vida, nossa mente e nosso comportamento, ele passa a ser não um
protetor, mas um carrasco e quanto mais cedermos ao medo mais ficamos presos e
vemos a vida passar diante de nossos olhos como uma criança que para em frente
a vitrine admirando um brinquedo que queria muito ter.
Não é fácil enfrentar nossos medos, sou prova disso de
quanto é difícil e o quanto sofremos, é como se estivéssemos arrancando algo
enraizado de dentro de nossa alma. Trememos só de imaginar ir pra fora de nosso
mundo protegido e aos nossos olhos seguros onde nos sentimos protegidos, chega
a doer só de imaginar.
Dizer como sair e enfrentar o medo é algo que até hoje me
arrepia pois é doloroso, da uma angustia, um frio, podendo até chegar a um
pavor. Não sei como dizer, é como se em uma noite fria e sem a luz da lua entrássemos
em uma floresta sombria sem a chance de poder voltar, porque quando olhamos
para trás só vemos aquela angústia que nos forçou a sair de lá, poderíamos
ficar e sofrer a angústia achando que estamos bem, felizes e seguro, mas é uma
mascara que colocamos para mentir para nós mesmo, porque só aceitávamos estar
lá porque temos medo de sair. Ao entrar na floresta sombria imaginamos diversos
perigos e armadilhas, monstros e pessoas que veem com beijos e abraços apenas
esperando a chance de nos atacar pelas costas.
Esses são nossos medos, medo de pessoas que um dia sofreu
quando confiou em alguém, quando entregou seu coração e sua amizade para uma
pessoa que pensávamos que faria o mesmo por nós, medo de encontrar alguém que
só quer ver o circo pegar fogo e se regozijar com a queda e o choro de alguém.
Tudo isso esta nesta floresta sombria, mas é o único caminho
que existe até o outro lado dela que é onde realmente estaremos bem, felizes
conosco mesmo e se sentindo fortes. Ao olharmos para trás vemos a nós mesmos
enfrentando tantas coisas, tantos perigos que outrora jamais sonhávamos em
enfrentar, vemos que somos mais capazes do que um dia pensávamos que fosse e
sentimos orgulho de nós mesmo, neste momento sentimos o que realmente é
felicidade e o que é satisfação e prazer próprio.
Da medo, gela nossos ossos e trememos quando enfrentamos
nossos medos mais profundos, aqueles que nos assombram e nos fazem fraquejar,
mas quando chegarmos no final de nossa jornada descobrimos que desde o começo
estamos lutando com nós mesmo, com os medos que deixamos entrar e se alojar de
nossa alma e endurecer nosso coração.
Assim como Verônica Shoffstall em um de seus mais belos,
fortes e emocionantes textos disse em O Menestrel:
"E você aprende que realmente pode suportar… que
realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se
pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da
vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que
poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar."
Não é fácil, sei muito bem disso, mas só viveremos em nossa
plenitude quando enfrentarmos nossos mais sombrios e profundos medo.
Confiar não é errado, errado é trair a confiança que nos foi dada.
Confiar não é errado, errado é trair a confiança que nos foi dada.
Paulo Cuba.